O restauro de um iate de 75 pés

No começo de novembro fui chamado para ajudar a restaurar o mobiliário de um iate enorme de 75 pés, em Parati. O barco tinha 6 camarotes e três decks. O serviço estava a cargo da restauradora e pintora francesa Sophie Fakhouri que ja estava trabalhando havia um mês. Minha colaboração foi de apenas 7 dias. Foi muito interessante passar estes dias no barco. Embora estivéssemos coberto de pó de serragem e usando máscara o dia todo, pude olhar mais de perto a casa de máquinas, sistemas, o layout do barco e passar mais um tempo nas rotinas de uma marina.

Nossa missão era remover o verniz de alguns móveis que apresentavam manchas e renovar o verniz. O mobiliário tinha 8 anos e as manchas sinalizavam a deterioração do verniz.

Foi um serviço muito difícil por vários motivos. A superfície dos móveis não eram de compensado naval, nem de madeira maciça, e sim revestidas de finas folhas de madeira. Conforme íamos lixando os móveis, com a lixadeira roto-orbital, em alguns momentos quando o verniz acabava também acabava a folha de madeira, nestes casos chegávamos eventualmente no miolo da madeira clara do móvel. Tivemos que lixar tudo com muito cuidado e devagar. Sophie como é pintora profissional fazia o restauro da coloração da madeira nestes pontos que revelavam a madeira de fundo.


Outra dificuldade é a proliferação de superfícies acolchoadas em todo o barco, estofos de courvin e detalhes em tecido que impediam o uso do soprador térmico e raspador. O soprador é uma técnica muito eficaz de remoção de verniz, mas poderia queimar os tecidos vizinhos.

O grande aprendizado foi perceber a diferença entre madeira laminada e madeira folheada. A laminada é como o compensado naval, formada por camadas cruzadas de lâminas que variam de 1 a 3 milímetros. Ja a madeira folheada tem um revestimento de apenas meio milímetro de espessura (repito: meio milímetro). Por essa razão não recomendamos madeiras folheadas em barcos, apenas madeiras maciças ou
compensando naval. Mesmo que os móveis do barco fossem muito bem acabados e bonitos, para quem gosta do estilo, outro problema deste tipo de revestimento, além da dificuldade de manutenção é sua pouca durabilidade. Os revestimentos folhados de todas as dez portas apresentavam rachaduras a partir das maçanetas que tiveram de ser restauradas com epoxi. A pouca durabilidade também poderá vir a ser sentida caso uma onda entre pela popa do barco e inunde o deck principal, situação que vai provocar a perda de todo o mobiliário: situação que torcemos para que nunca aconteça. Os veleiros, pela natureza mais esportiva, tem suas cabines feitas de madeira maciça, compensado naval e epoxi, o que garante uma boa durabilidade mesmo em condições molhadas de navegação e inundações.

O iate que restauramos é uma opção de luxo para quem curte sociabilizar na água e fazer rápidos passeios, visto que ele é muito veloz para o seu tamanho. Não é exatamente um barco para longos cruzeiros por causa do consumo de combustível de seus motores muito potentes, mas sem dúvida encara boas navegações costeiras sob condições metereológicas adequadas.

Podem contar com o Estaleiro Oficina para reformas de barcos :)
Contato artistaramalho@gmail.com.br
Bons ventos!!! Ricardo Ramalho

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